A busca pela melhor entrega de bens e serviços públicos ao cidadão parte da compreensão da Administração e nova percepção para algumas questões, atuando na relação com os servidores e no próprio ambiente social. A inovação deverá ocorrer com a participação dos servidores públicos, responsáveis pela eficiência da Governança e execução das políticas públicas.
Uma importante inovação advinda das experiências de sucesso com a implantação da Governança Pública é forma de olhar e perceber a Administração como uma grande engrenagem na qual todas as peças (setores) são fundamentais e necessitam laborar de forma conectada em harmonia. A ideia sistêmica, orgânica, na qual nenhuma peça é mais relevante que outra, é fundamental, pois a Administração funciona de forma eficaz sem sobreposição, com capacidade de gerir o todo e não somente aspectos fragmentados de políticas, serviços e projetos. Tal ideia da engrenagem deve estar clara na prestação do serviço público, com convergentes estratégias implementadas, fortalecendo o conjunto com realização periódica de reuniões de trabalho, escuta sensível e focada no entendimento do papel profissional de cada um. Dessa forma há uma cicatrização da fratura, da redução da distância entre setores, com o aporte de sugestões concretas que geram impactos imediatos na percepção de integralidade e pertencimento. As boas práticas de gestão de pessoas margeiam também a melhoria do ambiente físico de trabalho, contribuindo muito para a sensação de valorização, pois é onde os servidores passam boa parte do dia, alocados nos 5.568 municípios brasileiros em diferentes proporções e divididos em diferentes órgãos, sendo que um em cada oito pessoas que trabalham no Brasil, está no serviço público.
Contrariando a percepção popular, a proporção de servidores públicos no Brasil é menor do que a média entre os países da OCDE e até menor do que nos EUA. Em relação aos países da América do Sul, os que ocupam as três maiores posições no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – Chile, Argentina e Uruguai, respectivamente – possuem uma proporção de servidores maior ou próxima ao quantitativo brasileiro. A imensa maioria está distribuída nos municípios, alcançando o percentual de 59,74% dos servidores públicos atuando na linha de frente do atendimento à população – professores, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, forças policiais, entre outros. Na atuação nos três poderes, o Executivo apresenta percentuais de vinculação em 93,90%, em razão da operacionalização das políticas e serviços públicos; seguido pelo Judiciário com 3,31% e Legislativo 2,79%. O incentivo à capacitação dos servidores e o compromisso com o bem servir, são essenciais, e derivam da condução de uma liderança inspiradora (instrumento da Governança) com conhecimento, habilidade e atitude.
As propostas da Administração devem ter coerência com seus valores e gentileza no trato com seus colaboradores, a fim de produzir uma coesão bastante fortalecida na execução dos processos. Relevante considerar que a Administração não se esgota na implantação de uma política pública, sendo ela bem sucedida ou não, mas sim deve ter uma mentalidade infinita, de continuidade da prestação dos serviços públicos, sem obstaculizar possíveis inovações no seu andamento, potencializando os resultados. O engajamento dos servidores também influencia positivamente na diminuição dos riscos, promovendo maior assertividade na tomada de decisão e melhor impacto na entrega de bens e serviços ao público.
Eduardo Gil da Silva Carreira
Voluntário da Rede Governança Brasil
Pós-graduando em Governança Pública
@egcarreira20