Sobrepeso para o ser humano é ter mais do que o corpo pode suportar de forma saudável, conforme a relação de peso e altura para os indivíduos, baseado em estatísticas e recomendações dos especialistas.

Nos transportes aplicam-se, com pequenas adaptações e ajustes, os mesmos princípios: carregar além do que é suportado ou permitido, conforme a legislação e as recomendações dos especialistas.

Estar além do peso, tanto para o transporte, como para o ser humano é um problema com consequências seja para pessoas, seja para veículos, para as vias por onde os veículos transitarão, seja para a o corpo que estará submetido aos excessos.

Nos aviões o sobrepeso tem consequências quanto desempenho das aeronaves no consumo de combustíveis e na própria segurança do voo, considerando o desajuste entre o que foi projetado e o que está sendo praticado.

O pavimento das estradas é projetado para suportar determinado peso, velocidade e condições climáticas (calor, frio, insolação, ventos) e a não observância de tais fatores provoca o desgaste precoce do do pavimento e seus materiais.

No ser humano, os efeitos são consideráveis, pois trata-se de um organismo que foi desenvolvido e adaptado para o desempenho de diversas e complexas funções. O corpo humano tratado como sistema está sujeito às características intrínsecas dos sistemas que dentre outras coisas, guarda interdependências entre os órgãos para a produção dos resultados e funções desejados.

Nos mercados internacionais os remédios para emagrecimento à base de Semaglutida (Wegovy) e por aqui o Ozempic, originalmente indicado para Diabetes tipo 2, mas consumido para emagrecimento acelerado de forma a tornar-se fenômeno de vendas.

Sobrepeso, sobrecarga, superlotação e “over”, do Inglês para designar acima de, sobre, para tudo quanto “vai além” serve para, genericamente ser enquadrado na categoria de excesso.

O custo do excesso nos organismos vivos ocorre por aumento de doenças e comprometimentos físicos proporcionando redução da qualidade e da expectativa de vida.

Nos transportes essas práticas representam anormalidades que provocam desgastes dos materiais, e prejuízos diversos para aqueles que se sujeitam a operar fora dos limites.

Dizia o compositor Noel Rosa: “…como em toda façanha, sempre um perde o outro ganha…” (Noel Rosa: Quando o Samba Acabou, 1919-1937 Rio de Janeiro) os contratantes de transportes que reduzem a duração da viagem, os  de entrega obrigando o motorista a cumprir jornadas mais longas; ao transporte de sobre peso, para reduzir o custo da tonelada/quilômetro e baratear o frete… ampliam os seus ganhos em detrimento dos demais fatores envolvidos num modelo injusto de ampliar ganhos, independente de provocar  prejuízos ou sobre custos”.

Ultrapassar limites, sejam de que natureza forem, abastecem a indústria da multa e da repressão, provocam incontáveis acidentes, criam lucros insustentáveis e infelicitam milhões de pessoas sujeitas a essas regras perversas.

Paulo Westmann

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