O combustível sustentável de aviação deve receber incentivos para começar a se desenvolver no Brasil, afirmou na segunda (6/11) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
“No começo, precisa ter um incentivo”, disse ele comparando o SAF com a energia eólica e solar após um evento promovido pela Câmara de Comércio Brasileira-Americana (Amcham).
“Precisa dar um estímulo para uma nova rota tecnológica. Depois ela pega escala e o preço cai”, completou.
Segundo Alckmin, Brasil e Estados Unidos devem liderar a produção a partir de óleo vegetal e etanol, e a Aliança Global de Biocombustíveis, lançada no encontro do G20, na Índia, em setembro, pretende fortalecer parcerias para desenvolver a indústria.
Os dois países também assinaram compromisso de cooperação conjunta em energia limpa em julho com objetivo de atrair investimentos privados em SAF, hidrogênio limpo e gestão de carbono e metano.
Mas, enquanto nos EUA, o SAF já decolou, por aqui, aguarda uma política.
Está prevista no projeto de lei do Combustível do Futuro, enviado pelo governo federal ao Congresso, propondo criar o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), com metas de redução das emissões por parte das operadoras aéreas a partir de 2027, por meio do uso de combustíveis sustentáveis.
Para a indústria de aviação, o mandato de uso de SAF precisa vir com incentivos ao consumo.
Em entrevista à agência epbr em outubro, o gerente sênior de Assuntos Externos e Sustentabilidade da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) para as Américas, Pedro de la Fuente, lista uma série de obstáculos para que o SAF ganhe escala rapidamente.
Entre eles, apoio político insuficiente, investimento limitado e altos custos de financiamento da infraestrutura de produção.
Em 2022, a produção global de combustível sustentável de aviação foi estimada em 300 milhões de litros, cobrindo apenas cerca de 0,1% da demanda total de querosene, de acordo com a Iata.
Essas compras representaram um custo adicional para o setor entre US$ 322 milhões e 510 milhões em um ano.
“Apesar de uma diferença de preço significativa entre o produto convencional e o SAF, os operadores aéreos e seus clientes compraram cada gota de combustível de aviação sustentável produzido”, contou o executivo. Leia a entrevista completa
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