O que enxergamos hoje, seja no mundo das coisas ou das ideias é, na maioria das vezes, novidade, inovação. Ao entramos numa loja identificamos coisas que conhecemos, mas vemos também coisas que desconhecemos ou desconhecíamos até a última visita naquele local.
Poderíamos apresentar uma centena de palavras que caracterizam o medo (fobia) de coisas novas e, mais que nos surpreendermos com as novidades muitas vezes, temos medo de enfrenta-las.
Teleofobia (1) é a palavra que caracteriza medo que temos de fazer planos para o futuro. Entretanto, as coisas que estão ai foram pensadas em algum momento do passado (recente ou não) e se quiséssemos listar algumas delas certamente teríamos listas intermináveis, do skate, smartphones, drones e etc.
As ideias e formas de pensamento seguem princípios semelhantes ou são até mais arrojadas. Viver nas cidades, longe dos centros de produção dos bens necessários a nossa sobrevivência, introduz nas nossas vidas maneiras de enfrentar os desafios da convivência social, dos trabalhos alienantes, dos deslocamentos geográficos e de locais insalubres e inóspitos.
Ao examinar o modo de vida de diversas cidades identificamos implementações de ideias e coisas que conduzem os seus cidadãos às mais diversas formas de comportamento e conduta. Há cidades cuja verticalização atinge centenas de andares para moradias e atividades comerciais.
Na Alemanha, depois da experiência de guerras muitas cidades constroem poucos andares privilegiando rotas de fuga, danos de incêndios mobilidade para independentes de elevadores ou sistemas dependentes de eletricidade.
A experiência recente da pane no sistema elétrico de São Paulo trouxe a baila diversas questões sobre o planejamento das cidades e por consequência a maneira de se viver nesses espaços.
A equação a ser resolvida contém milhares de variáveis cuja solução está longe de ser formulada e de trazer resposta satisfatórias num país com altíssimo déficit habitacional, com tráfego além do projetado e com a falta de projetos que pensem nas pessoas.
Além de tudo, há a disputa pelo capital a ser investido na qualidade de vida ou no sacrifício a ser suportado na falta de novas coisas que abriguem as novas ideias.
Sabemos que o mundo atual é mais complexo do que se observa olhando para trás, com tantas coisas que surgiram nessas 3 ou 4 décadas. Não há que temer pela novidade ou por pensamentos descolados do nosso dia-a-dia, mas o futuro que enfrentaremos inexoravelmente; estará suportado por recursos que estão sendo exauridos com velocidade muito além das suportáveis para serem repostos, como: água, peixes, fauna e flora e o próprio ar já apresenta comprometimentos semelhantes aos de subúrbios da Inglaterra no auge da Revolução Industrial (200 anos passados) quando o mundo foi movido exclusivamente pela queima do carvão.
O Brasil tem bons pensadores e escritores que traduzem com lucidez os problemas econômicos e sociais do País (2) como exemplo Caio Prado Junior.
Tenho profundo respeito aos pensamentos e publicações do ilustra escritor e grande apreensão quanto a manutenção das análises feitas pelo intelectual: de que “estamos imersos no modelo de extrativistas exportadores” cujo benefício é amplamente discutidos na sua vasta obra.
Paulo Westmann
(1) O que é Teleofobia?
O que é teleofobia? A teleofobia pode ser descrita como o medo que algumas pessoas sentem de fazer planos para o futuro. (2) CAIO PRADO JUNIOR (1907 – 1990). Político e historiador brasileiro nascido em São Paulo, um dos maiores intelectuais brasileiros …