O Brasil é mais antigo do que os livros de história regitram e haviam povos que habitavam essas terras e se deslocavam e caminhavam por longas distâncias, indo do litoral atlântico ao Pacífico em jornadas até hoje (passados 500 nos) inimagináveis.
O principal destes caminhos, denominado Caminho do Peabiru (*) constituía-se em uma via que ligava os Andes ao Oceano Atlântico. Mais precisamente, Cusco, no Peru (embora talvez se estendesse até o oceano Pacífico), ao litoral brasileiro na altura da Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), estendendo-se por cerca de 3 000 quilômetros, atravessando os territórios dos atuais Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil. Segundo os relatos históricos, o caminho passava pelas regiões das atuais cidades de Assunção, Foz do Iguaçu, Alto Piquiri, Ivaí, Tibagi, Botucatu, Sorocaba e São Paulo até chegar à região da atual cidade de São Vicente. Ainda havia outros ramos do caminho que terminavam nas regiões das atuais cidades de Cananeia e Florianópolis.
O que se narra em tempos modernos é que na cidade de Cananeia, há um marco indicando a divisão das terras entre Portugal e Espanha no Tratado de Tordesilhas. Ali também se ouvem as histórias acerca da caravanas formadas pelos exploradores que entraram por esse Caminho (por aqui tratado cmo Trilha dos Tupiniquins), até atingir Potosi (**) com a altitude de 4090 m, na Bolívia de onde vinham as notícias (1545) da descoberta de abundantes jazidas de prata.
O que se sabe através de estudos e fragmentos de construções é que até 1533, quando os espanhois invadem o Império Inca, o Peabirú e suas diversas ramificações eram utilizadas pelo povos originários, tanto os das Cordilheira dos Andes, quanto os que habitavam terras hoje correspondentes ao território brasileiro, para transporte de mercadorias destinadas ao escambo entre os pavos.
A descoberta dos metais preciosos para os colonizadores Europeus despertou a cobiça ilimitada pela prata, ouro, cobre, estanho ensejando a dizimação dos povos e de suas culturas.
Os quase 4 séculos de colonização brasileira e o advento da cultura escravista, com ênfase nos ciclos de cana no nordeste e de ouro nas Minas Gerais, baseados na exploração desse modo de produção, mantiveram os portugueses ( e todas as nações européias, ao seu redor) voltados à exploração das riquezas naturais e à exportação para as suas metrópoles.
O Brasil colônia (1530-1822) e mesmo depois da independência não empreendeu o desenvolvimento socioeconômico do seu território e da properidade do seu povo.
Iniciativas para recuperar os antigos caminhos foram empreendidas no âmbito acadêmico e por iniciativa de pesquisadores estudiosos, porém sem qualquer apoio govenamental.
O que se tratou historicamento como geografia mais modernamente seria atualmente encarado como geociência e estratégias de desenvolvimento (quiçá) poderiam ser empreendidas para que o desenvolvimento interior acontecesse de forma alternativa ao modo de produção escravista; da constituição de suas classes socias europeizadas (metrópole-colônia) e com a dependência de capitais externos privegiando uma pequena elite Atlântica.
O acelerado processo de ampliação da fronteira agrícola para o oeste e norte brasileiros certamente desmbocará em maior degradação do meio ambiente e ao reforço do modelo exploratório claramente descrito por Caio Prado Junior (***) nos diversos livros publicados e objeto de estudo no meio acadêmico, mas sem alterar substanciamente os planos de desenvolvimento do País.
Peabiru, para muito elém da sua tradução de caminhos a serem percorridos a pé sobre grama amassada, é mais uma oportunidade de descoberta (redescoberta) da cultura e sabedoria dos povos da América do Sul que foi abandonado, ignorado e destruído em que as gerações se apropriassem disso para o seu próprio desfrute e desenvolvimento.
As matas onde tal caminho fou construído estão desaparecendo (muitas já desaparecidas) debaixo das culturas extensivas de grãos ou inundadas pelas barragens das hidroelétricas dos rios das divisas de São Paulo, Matogrosso do Sul, e Paraná e pelo que restou das encostas dos Andes (Chile, Bolívia, Peru).
Os chineses, depois de milênios da existência de suas muralhas, estão resgatando diversas de suas partes (anteriores da Era Cristã) e formulando ambiciosos planos de comércio (Rota da Seda).
A geopolítica aprofundada com levantamentos precisos dos satélites espaciais prevê para algumas décadas mais à frente, integrar territórios distântes e apenas reservados para a extração de produtos naturais, em poderoso e efervecente centro de integração, comércio e local de convivência.
Paulo Westmann
(*) Origem: Wikipédia, enciclopédia livre.
(**) jazida de Potosi é a maior mina de prata encontrada no mundo, e foi explorada durante cerca de 300 anos com o sacrifício de milhares de vidas indígenas devido às más condições de trabalho.
(***)História Econômica do Brasil livro do historiador e intelectual marxista brasileiro Caio Prado Júnior, publicado pela primeira vez em 1945. A obra é considerada um dos principais estudos na busca pela compreensão da formação econômica do Brasil e suas implicações na vida social dos brasileiros.
Localização do Império Inca Os peabiru (na língua tupi, “pe” – caminho; “abiru” – gramado amassado) são antigos caminhos utilizados pelos indígenassul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. A designação Caminho do Peabiru foi empregada pela primeira vez pelo jesuíta Pedro Lozano[1] em sua obra “História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán”, no início do século XVII.[2] Outras fontes, no entanto, dizem que o termo já era utilizado em São Vicente logo após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, em 1500.[3]