O Brasil, tal e qual nos é apresentado e sobre o qual aprendemos geografia e história nos bancos escolares é um País que não existe, pelo menos não deveria existir.

A sustentação sócio econômica que nos apropriamos passa superficialmente por 392 anos de regime escravista de apropriação da mão de obra trazida à força da África para ser empregada na produção agrícola e exploração mineral no País.

Esse longo período Colonial (1530 ate 1822) esteve no centro do processo extrativista de riquezas naturais destinadas às metrópoles principalmente europeias porém a percepção e o exercício político da elite brasileira se manteve preservada através de legislação adequada aos seus interesses e por forte poder financeiro através da rede bancária inglesa, financiadora dos capitais utilizados no Brasil.

A baixa escolaridade da população e forte domínio político de um pequeno grupo capitalista dentro das elites brasileiras manteve afastado do poder, a maioria da população. Incluindo analfabetos, mulheres e diversos segmentos sociais.

No século XX, após a libertação tardia dos escravos e com a Proclamação da República surgiram no Brasil pensadores e intelectuais capazes de interpretar as questões da “nossa” geografia e da história econômica, escrevendo teses e publicando livros através do quais se procurava explicar a divisão internacional das forças econômicas.

Caio Prado Junior é um desses intelectuais com sólida formação acadêmica e também cidadão pertencente às famílias da “elite brasileira” a se apropriar dos fatos observados na Europa e nos Estados Unidos (Independência dos Estados Unidos, Revolução Bolchevique de 1917, na Rússia com a mudando do regime Czarista para o socialismo e ascensão da classe operária no poder do Estado.

Na sua vasta obra  (**) Caio Prado trouxe para o meio político questões fundamentais e até hoje base para a interpretação da economia brasileira.

Caio Prado Júnior (*) foi um dos principais responsáveis pela popularização das ideias marxistas no Brasil. Por meio do materialismo histórico e dialético, analisou a formação da nação e da sociedade brasileira e propalou a aplicação desse viés analítico ao Brasil, portanto, é o precursor de uma sociologia marxista brasileira. Como aponta o sociólogo Octavio Ianni, Caio Prado deteve-se em:

Caio Prado, um dos mais expressivos intelectuais brasileiros morreu aos 83 anos em 22 de Novembro de 1990. Alem de pensador e intelectual fez parte da Editora Brasiliense, que além de suas obras publicou inúmeros livros de outros autores no campo da economia e sociologia, do Brasil e de outros países.

Em tempos mais recentes, nesses últimos 50 anos (décadas de1970 aos dias atuais) autores e intelectuais brasileiros vem escrevendo e oferecendo aos estudiosos novas visões acerca do Brasil e sua economia.

Neste mesmo espaço e, em próximos textos, pretendemos voltar a esse assunto com análises de Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Paulo Singer, Darcy Ribeiro e de escritores como Ladislau Dowbor, Jessé Souza, Beluzzo dentre outros intelectuais que em seus textos incorporam parte do pensamento econômico desse mesmo período de Caio Prado com atualidade e novas visões do Brasil.

Paulo Westmann

(**) Obras de Caio Prado Júnior

Caio Prado Júnior teve uma intensa produção intelectual. Suas principais obras são:

Crédito da imagem

[1] Boitempo Editorial (reprodução) Por: Milka de Oliveira Rezende

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