Neste mesmo espaço há 3 meses, publicamos artigo desse mesmo assunto fazendo referência “aos conceitos de jusante e montante” sem , entretanto explorar questões de desenvolvimento de pessoas nos transportes.
Contar com talentos seja em atividades de transportes, ou em quaisquer outros segmentos econômicos é um privilégio e parte importante do sucesso de muitos empreendimentos.
Mas, como identificar esses talentos? O que configura um talento? A reposta (se é que existe apenas uma) é ter pessoa, pessoas, que sejam sensíveis para perceber a complexidade dos trabalhos a serem realizados e executa-los com perfeição e em tempo adequado.
No sentido bíblico (*) significa usar os dons dados por Deus. Nas atividades econômicas, ao invés de pensarmos nos “dons” recebidos de Deus, talvez fruir das características herdadas dos pais, avós etc e do meio ambiente ao qual fomos submetidos.
Nos transportes (na logística) que participa com índice acima dos 10% do PIB (…) os talentos surgem sem muitas explicações. Existe pouco empenho empresarial para formar pessoas para o exercício de atividades complexas e diversas como as do transporte.
No ano de 1995 a professora Ofélia Torres, da FGV ministrou curso de Logística em Transportes voltado aos conceitos de administração e aos fundamentos das teorias que dão sustentação ao desempenho das atividades típicas para o escoamento de mercadorias entre embarcadores e destinatários.
Naquele distante ano de 1995 o transporte estava recém saído das práticas de empresas familiares com o conhecimento passado de geração para geração. O modelo de empresas americanas (Estados Unidos e europeias) seguiam, também o modelo de empresas familiares acrescidas dos conhecimentos adquiridos durante as 2 Guerras Mundiais havidas no início e em meados do século XX.
Os verdadeiros progressos e avanços nos modelos de administração só aconteceram com o desenvolvimento dos computadores e da ampliação das telecomunicações (década de oitenta em diante).
Pertence a esse período a integração entre as tecnologias desenvolvidas pela eletrônica dos circuitos integrados e da evolução dos motores aplicados aos veículos de carga.
As pessoas envolvidas na operação dos equipamentos eletrônicos e os motoristas dos caminhões aprenderam na prática do dia a dia, sem educação formal ou sem as bases acadêmicas necessárias para os “saltos” do conhecimento.
Os embarcadores de carga estavam muito dedicados aos processos de fabricação e por isso o transporte era considerado atividade secundária ou sem a devida importância. Os destinatários que receberiam as mercadorias estavam também dedicados às vendas a aos consumidores e pouca atenção era dada para essas atividades.
A montante e a jusante um escuro intenso sobre a importância das atividades, hoje ditas logísticas, que só foram melhor compreendidas no final da década de 1990.
Vale a pena dissecar mais e melhor esse período e trazer mais informações sobre a introdução de tecnologias e novos conhecimentos para os transportes: a jusante e a montante.
Paulo Westmann
(*)radicionalmente, a Parábola dos Talentos tem sido vista como uma exortação aos discípulos de Jesus a usar seus dons dados por Deus a serviço de Deus e a assumir riscos pela causa do Reino de Deus. Estes dons incluem habilidades pessoais (“talentos” no sentido usual), bem como a riqueza pessoal.