Aprendi com um respeitável empresário (e amigo) que “nem sempre podemos comprar todas as coisas novas que acreditamos precisar, mas temos a obrigação de conservar e manter as antigas que nos serviram até então”.
Neste mesmo espaço no dia 10 de Março de 2024, publicamos um artigo sobre a Farmácia Popular (e distribuição de medicamentos) no qual apresentávamos informações relevantes acerca do 6º maior mercado de medicamentos e algumas outras questões do interesse daqueles que anonimamente são clientes (pacientes) de um dos mais importantes programas de saúde em todo o mundo: SUS Sistema Único de Saúde.
O SUS não é apenas um programa de saúde. Vai muito além disso e as suas diversas atuações permite que a população brasileira seja atendida, de forma plena, nas suas demandas de “saúde básica” até as mais relevantes conquistas que e medicina oferece mundo afora.
Uma dessas atuações é a distribuição de medicamentes e remédios para tratamento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, insuficiência renal (Diálises) dentre tantas outras que permite aos pacientes vida “normal” e que seria impossível não fossem as atenções que se lhes são proporcionadas por esse Sistema.
De um lado temos o sexto maior mercado de medicamentos o que é uma marca representativa e, de outro, um complexo sistema de transporte e logística que faz esses medicamentos chegarem às mais de 43 mil farmácias e pontos de distribuição acessíveis aos indivíduos.
O custo de logística para isso é da ordem de 3% até 8% do valor do medicamento. Quanto mais barato o medicamento maior o percentual de custo logístico. Assim, as indústrias farmacêuticas selecionam os medicamentos de custo mais elevado e catalogam os seus usuários de maneira a atende-los de maneira fidelizada e diferenciada suprindo, em tempo e hora, os seus usuários.
O consumidor de alta renda (vale para medicamentos e para produtos de consumo, aqui e em todo o mundo) está sempre visível para a indústria. Porém, o paciente de menor renda (o paciente pobre) para quem o custo do medicamento é representativo não é enxergado pelas indústrias farmacêuticas e, nesses casos, o paciente depende da obtenção de tais produtos através das farmácias populares ou das farmácias de medicamentos de alto custo, conforme a prescrição médica.
Pretendo fugir do “lugar comum”, mas há casos em que isso é inevitável: onde existe complexidade há muita mais chance da burocracia se instalar para criar entraves às coisas criadas para resolver problemas e não para cria-los.
Há no Brasil uma grande quantidade de empresas de transporte de carga. o número de transportadores autônomos supera os 847 mil. Além disso, há 519 cooperativas de transporte rodoviário de cargas. Como resultado, a frota do setor é de 2,5 milhões de veículos, entre caminhões e implementos rodoviários realiza um complexo sistema de distribuição de produtos em todo o território. (*)
Refletindo sobre a Farmácia Popular e das possibilidades desse sistema ser melhorado e modernizado, me ocorre lembrar do empresário e amigo: se não dá para “comprar tudo novo” que tal manter e aprimorar aquilo que temos?
Os transportadores de carga (reunidos em torno da NTC&Logística e outras entidades de representação dos transportadores profissionais poderiam organizar um serviço aos moldes do SEDEX (talvez um SEDEX-M de medicamentos) e oferecer aos usuários um atendimento “delivery” que entregaria os medicamentos da Farmácia Popular nos domicílios dos seus usuários.
A atividade de entregas se desenvolveu muito durante a Pandemia da Coivid-19 e os I-Foods e assemelhados possuem atualmente excelência nas atividades de entregas porta-a-porta que são muito eficientes, custam pouco e empregam um contingente de profissionais que encontrariam novas oportunidades de trabalho, especialmente nas grandes cidades.
Vale assinalar que nos nossos artigos sempre procuramos a oportunidade de sugerir solução para problemas com ênfase em “fazer mais, melhor e mais barato” Essa é uma excelente oportunidade de melhorar (ainda mais) aquilo que já é bom.
Paulo Westmann
22/03/2024